sexta-feira, 12 de julho de 2013

Dólar cai com expectativa de continuidade dos estímulos nos EUA

A expectativa de que a retirada dos estímulos monetários por parte do Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos) não será imediata trouxe uma correção para o dólar, que perdeu força frente às demais moedas e ajudou o real a fechar a quarta-feira em alta em relação à moeda americana. O dólar comercial caiu 0,62% fechando a R$ 2,2590. O contrato futuro de dólar com vencimento em agosto recuava 0,26% para R$ 2,269.

Ontem, o presidente do Fed, Ben Bernanke, reforçou em discurso que os dados de inflação e de desemprego ainda requerem a manutenção dos estímulos econômicos. A Ata do Fed mostrou que para muitos integrantes do Fomc (Comitê de Política Monetária do Federal Reserve) a reversão da política monetária ainda depende da melhora dos dados do mercado de trabalho e da atividade econômica dos Estados Unidos.

A divulgação hoje do número de pedidos de seguro-desemprego acima do esperado ajudou a reforçar a visão de uma eventual redução das compras de ativos pelo Fed, que somam hoje US$ 85 bilhões mensais, não deve acontecer no curto prazo. O número de pessoas que entraram com pedido de seguro-desemprego nos EUA aumentou para 360 mil na semana encerrada em 6 de julho, acima da previsão dos analistas que esperava uma queda para 335 mil ante o dado de 344 mil registrado na semana anterior.

Isso levou o dólar a perder força frente às demais moedas, tanto de mercados desenvolvidos como de emergentes. O Dollar Index, que acompanha o desempenho da divisa americana em relação a uma cesta de moedas, recuava 1,52%.

O Baco do Japão informou hoje que manterá a política de estímulos à economia, sinalizando uma recuperação do crescimento econômico.

No mercado interno, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa Selic para 8,5% não trouxe surpresa e veio em linha com esperado pelo mercado. Para um gestor de fundos, o fato de o Brasil passar a ter a terceira maior taxa nominal do mundo ajuda na atração de recursos externos, mas a tendência dos fluxos financeiros hoje não é voltada para os mercados emergentes.

Para João Medeiros, diretor de câmbio da Pioneer Corretora, a queda do dólar verificada hoje é mais uma correção que uma reversão de tendência. O fluxo cambial continua negativo, somando um déficit de US$ 780 milhões na primeira semana de julho. Embora a conta comercial tenha apresentado um superávit de US$ 582 milhões no período, é esperado um aumento das importações, que sazonalmente tendem a ser maiores no segundo semestre por conta das vendas para as festas do fim de ano.

Outra força que continua pressionando a valorização do dólar em relação ao real, é a posição dos estrangeiros na moeda americana no mercado futuro, que somava US$ 9,46 bilhões , maior patamar desde dezembro de 2009.

Em relatório divulgado hoje, o HSBC prevê que o real continue se depreciando no longo prazo por causa da ampliação do déficit em transações correntes e pela redução nos investimentos estrangeiros diretos. No entanto, para o curto prazo, os estrategistas do banco inglês lembram que o Banco Central continuará comprometido em conter uma desvalorização mais forte do câmbio, na maior parte via intervenções no mercado, mas também retirando medidas adotadas num período em que a preocupação do governo era conter a apreciação da moeda nacional.

“Esses esforços têm ajudado a estabilizar o dólar ante o real e, agora que o Banco Central parece mais comprometido em conter pressões inflacionárias por meio de aperto na política monetária, podemos ver uma moderação no ritmo de queda do real”, dizem os profissionais em relatório. No entanto, o banco ressalva que a incerteza política e questões do lado fiscal continuam sendo importantes preocupações para investidores, o que pode pesar sobre o real, a despeito da elevação do juro que em tese pode aumentar a rentabilidade com operações de “carry trade”

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